quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Where are you, now ?

  Tudo estava tão claro, tão nítido. Estava andando a procura de nada especifico, só andava. Quando me dei conta que você caminhava ao meu lado.
  Não que eu não tivesse percebido você lá, mas já estava acostumada que você estivesse sempre assim, ao meu lado.
  Além de você, ela e o G. estavam com a gente. Você segurava minha mão. E eu conversava com ela. Então, você me puxou para perto, para você. Eu não via seus olhos, só o seu sorrisso e escutava o que dizia. Nos beijamos rapidamente, mas seu beijo era doce e cauteloso.
  Continuamos a andar, agora, uns passos atras deles, mas com você sempre ao meu lado.
  
  Tudo escureceu. E quando abri meus olhos você já não estava mais lá. O seu lado da cama estava intacto, como se ninguém houvesse dormido. E ninguém dormira, só eu, que tive esse breve sonho.
  A lucidez chegava até mim lentamente, e assim me lembrava da briga que tivemos. Eu fiquei confusa, o que queria de mim? 
  A chuva cai lá fora, e não sei onde você pode estar. Não desista de mim, não irei te decepcionar. Venha até mim e diga que pertencemos um ao outro.
  Será que não entendeu que eu preciso de você aqui, do meu lado? Você é a minha sobrevivência, você é a minha prova que o amor existe.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

It's all about you

  No fim, ela nem precisou dizer com todas as palavras, enquanto falava eu ligava os pontos, e percebia o quanto isso doia nela. 
  Eu, tenho que confessar, que algo em mim dizia que nada estava bem, que algo acontecia dentro da mascara que ela erguia. Mas como sempre, não a forçaria a dizer nada, ela teria que estar pronta para me dizer.
  Todos em casa dormiam, só eu que não. Eu estava no banheiro, pois meu celular estava carregando lá e eu precisava saber o que acontecia, eu precisava ler suas mensagens..
  Não me importei com o fato de ela não ter dito pessoalmente, pois sabia da tamanha vergonha que carregava consigo mesma. Para mim, pouco importava o modo que ela  dissesse, contanto que ela abrisse seu coração e deixasse sair todas as dores, estava ótimo. Mas me senti realmente mal pelo fato de eu não estar do seu lado, para abraçá-la, reconfortá-la, acalmar suas lágrimas e dizer que tudo ficaria bem.
  Por mais que eu não soubesse se ficaria.. Não era uma mentira, ela sabia que não seria. Porque eu faria de tudo e mais um pouco para que tudo ficasse realmente bem. 
  Terminamos de nos falar, desejando uma boa noite, e bons sonhos para cada uma.  Fui para meu quarto. Ela disse que dormiria mais tranquila, pois tinha dito o que estava para dizer há muito tempo, e disse também que eu não conseguiria dormir.
  Ela estava certa, eu rolei na cama diversas vezes, pensando e repensado em muitas coisas. Minha mente está cheia. Derrubei uma única lágrima, por mais que ela tivesse dito para não chorar, pois não valia a pena. Nisso ela errava, ela valia a pena sim, valia a pena pessoas chorarem por ela, gritarem por ela, brigarem por ela, amarem ela.
  Ela é o tipo de garota que sempre pega as dores dos outros como as suas, mas não quer que os outros compartilhem da sua.
  Fecho os olhos, e o que me vem não é um sonho, é uma lembrança, uma conversa de msn. Um menino disse que nos via como uma só, como pedaços de uma mesma coisa. Ele disse que quando uma diz uma coisa a outra subconcientemente ou não, pensa ou concorda. 
  Quando li aquilo que ele tinha escrito, não posso negar que abri um sorrisso, pois nós eramos assim, ligadas por algum motivo, que nem sei como explicar. Mas depois, quando pensei, isso significava que somos dependentes uma da outra.. mas será que isso é uma coisa boa ?

  Com tudo isso, eu descobri uma coisa: Amor de amigo, quando é verdadeiro, é aquele que você ama acima de qualquer ato sem julgar, é quando você quer protegê-lo acima de tudo.. é quando você carrega suas dores para ele não sofrer sozinho.

  Então, fui dormir esperando chegar logo quinta para poder abraçar ela e dizer que tudo ficará bem. E que eu a amo!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Masquerade

  Já havia se passado um pouco mais de dois meses desde que eu tinha chego nessa cidade. E ainda não me acostumara, ainda não tinha entrado no ritmo.
  Era sexta-feira a tarde, e estava no meu quarto, sozinha. Pensava se iria ou não àquela festa. A festa era para comemorar o carnaval, mas de um jeito bem mais tradicional como há muitos anos em Veneza, com um baile de máscaras.
  Só estava cogitando em ir, pelo fato que que ele me pedira para ir. Sim, Felipe. Desde nossa primeira conversa, eu me apaixonara por ele, mas ele namorava - até um tempo atrás. Ele me dissera que terminara com ela, porque eles já não se entendiam mais, e ele começou a pensar se realmente valia a pena continuar a relação. Além de terminar com a Jéssica, ele mudara um pouco.. Ele cortou o cabelo. Digo, ele cortou mesmo o cabelo, não só as pontas como sempre, ele raspou. Se quer saber, acho que ele ficou melhor, agora conseguia ver seu rosto mais claramente.
  Levantei da cama em direção ao banheiro. Se queria mesmo ir, teria que me apressar se não me atrasaria para a festa. Decidi que iria com um vestido azul, que uma vez comprara para usar numa festa de um livro com minhas amigas. A máscara combinava com o vestido, comprei ontem numa loja perto da escola, para o caso de eu resolver ir.
  Cheguei no salão da escola, que estava todo decorado para a ocasião, meia hora depois de ter começado, e sem ter feito muita coisa no meu cabelo. Havia uma música ritmada, e corpos dançando no centro. Fiquei alguns minutos ali parada, hipnotizada com todo esse movimento, toda essa música, todos esses rostos mascarados, mas procurando apenas por um.
  - Estais perdida, princesa? - se não conhecesse tão bem essa voz, teria achado que era um idiota querendo aparecer.
  Me virei, e lá estava ele, bem na minha frente dentro de um traje social impecável, mas lindo que nunca.
  - Acho que estou perdida, - dei uma olhada ao redor - será que poderia me ajudar a achar o caminho de volta para o meu castelo, plebeu? - nós dois rimos, e nos olhamos. É, nenhuma máscara esconderia aqueles olhos de mim.
  - Me concede essa dança, antes de voltar para seu mundinho ? - Ele fez toda uma cena, parecendo um belo príncipe, me estendendo a mão, e eu a segurei aceitando o convite.
  Perdi a conta de quantas músicas dançamos, sussurrando um no ouvido do outro para que nossas vozes fossem ouvidas apesar da música. Dançamos até que anunciaram que a última música seria tocada.
  Ele me segurou mais perto de seu corpo, e colocou seus lábios perto de meu ouvido para dizer algo.
  - Queres saber o real motivo por eu ter terminado com a Jéssica? - não disse uma palavra, mas também não me afastei. - Porque desde que eu te vi pela primeira vez, ali sentada naquela sala de aula, nem se importando com os outros a volta.. Algo mexeu comigo. Não consigo parar de pensar em você, mesmo quando não estou pensando.
  Ele parou de dançar e tirou sua máscara, e assim que terminou, tirou a minha. Olhou dentro dos meus olhos, e disse:
  - Estou começando a gostar de você, Ana.. pra valer. - Então me puxou para perto e me beijou.

  É, acho que eu me precipitei achando que Porto Alegre não seria um bom lugar para morar.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

You can't forget it

  Não se esqueça do toque das minhas mãos nas suas. Nem por um momento me apague das suas lembranças. Apenas guarde na sua memória a minha presença. Não se esqueça de nossos beijos. Não se esqueça de nossos risos. Não se esqueça do jeito bobo que eu ficava quando eu te tinhas nas mãos, da minha falta de interesse e do meu jeito de falar bobagens. Não se esqueça nem mesmo das nossas brigas e discussões. Não se esqueça de mim, não se esqueça de nós.
  Porque eu não me esqueço do jeito como você tocava meu rosto, do jeito como sorria para mim, dos seus olhares que diziam mais do que qualquer palavra. Não esqueço do jeito como me abraçava, me guiava em meio a multidão, do seu tom de voz que me fazia perder o rumo, e não me esqueço de nossas maneiras de gostar um do outro. Porque mesmo que um dia nada disso volte, essas coisas foram únicas e intimas de um jeito que só a gente sabe, e eu não me permito esquecer.
  Por favor, não esqueça também, afinal, somos nós.

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Acabei me inspirando nessa música e nesse tweet.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

School Sucks

  Segundo dia de aula numa escola nova. Pior que ontem não poderia ser.. Caras novas e estranhas. Professores novos e apresentações. Garotas arrogantes. Intervalo sozinha. Ligação da amiga. Mais apresentações. Garotos com nível médio de beleza. Repreensão por usar o celular na aula. Percebo a infantilidade dos garotos. Me sinto perdida no meio daquelas trinta pessoas. Quero voltar para casa. Não. Quero voltar para São Paulo.
  E aqui estou eu, sentada numa carteira bem no meio da sala. As meninas continuavam me olhando estranho; acredito que seja pelas minhas calças jeans surradas e meu all-star branco velho, as meninas daqui parecem ter saido de um desfile de moda; talvez também porque o meu jeito de falar, que não é igual ao dos gaúchos.
  Para falar a verdade, eu nem queria estar aqui. Não que eu não tenha gostado de Porto Alegre, nada disso, mas sinto falta de alguma coisa, alguém. Ah, como eu sinto falta dela. Cadê ela aqui para alegrar minhas manhãs e me dar um abraço quando preciso? Ah, sim, ela esta há mais de 300 kms daqui.
  Meu pai foi transferido para uma unidade daqui, minha mãe que já tinha parentes aqui perto, apoiou a idéia de virmos para cá. E como sempre, eu não opino nunca nessa familia.
  "Mas mããe, é meu último ano de colegial, porque eu tenho que ir?" Ela disse que tínhamos que apoiar meu pai. "Paaai, deixar eu ficar com a vó, não faça isso comigo.." Meu pai nem respondeu, já tinha começado a arrumar as coisas. No fim, resultou que eu iria de qualquer jeito, e desde então mal falo com meus pais.
  - Sr. Galvez, isso são horas de chegar? Estais atrasado sete minutos. Entre, mas que isso não se repita - será que era aluno novo? Se era, nem queria saber, todos daqui são tão.. chatos. Nem tirei os olhos do caderno para ver como era. 
  O único lugar que não estava ocupado era a carteira da minha frente, e ele se sentou nela. A professora continuou sua aula, e eu como ótima aluna em matemática, não precisei olha-la para saber que ela estava explicando funções circulares para a classe. Em determinado momento, percebi que ele se virou para traz e perguntou se eu tinha um lápis ou uma caneta para emprestar. Quanta irresponsabilidade, mas disse para mim mesma para ser gentil, ele não tinha nada a ver com os meus problemas.
  - Lápis eu não tenho, serve essa.. - Ele me olhava com curiosidade, como se eu fosse de outro planeta, acorda garoto sou só de SP. Mas, nem liguei para esse fato. Seus olhos me prenderam, seu cabelo ondulado até o ombro era um charme, e seus traços aparentavam ser um pouco mais velho que eu - ..caneta ?
  - Muito obrigado, esqueci meu estojo em casa - disse pegando a caneta. - A proposito, sou Felipe - estendeu-me a mão. - E tu es..
  - Er, Ana, Ana Paula - segurei sua mão. Ela era bem maior que a minha, e mais calorosa.
  - Nossa, que mão gelada, estais com frio? - Tirei minha mão pálida da sua, que tinha um tom acobreado. Devia ir a praia constantemente.
  - Ã? Ah, não, estou bem - forcei um sorriso e ele retribuiu.
 - Será que terei que chamar sua atenção de novo, Sr. Galvez? - Ele se virou imediatamente e começou a falar com a professora.
   É, e essa foi a primeira vez que eu não pensava em outra coisa a não ser em São Paulo.
  No fim, passei o resto do dia com ele. Falando e falando e rindo. Descobri que era repetente, por isso tinha traços de cara mais velho e porque a professora o conhecia e pegava tanto no seu pé. É, acho que me apaixonei pelo Felipe.. Amor a primeira vista? Não acredito nisso.. Só sei que algo aconteceu entre nós.
  Estávamos saindo, quando uma garota linda, loira de olhos azuis, mas com um aspecto um tanto arrogante e nojentinha, vinha em nossa direção. Não a reconheci, mas era o tipo de garota que seria minha "inimiga mortal".
  - Então Ana, essa é a minha namorada, Jéssica - NAMORADA? como assim, namorada? Aquela ali? - Jéssica, essa é uma amiga da minha sala.. - Ah tá agora eu era só a amiga. Sei, e o que foi ele chegando tão perto de mim? Porque senti sua mão na minha? Porque sinto o cheiro dele em mim? Será que foi tudo ilusão? Ou a minha imaginação ?
  Sorri forçadamente, disse mais algumas palavras e depois falei que tinha que ir, alguém estava me esperando. Mentira, é claro. Quem me esperava nessa fuck de cidade?
  E assim, voltei sozinha para casa, pelo caminho que ainda não me acostumara. Voltei para casa com a sensação de derrota. Sim, o segundo dia de aula foi pior do que o primeiro.