sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

School Sucks

  Segundo dia de aula numa escola nova. Pior que ontem não poderia ser.. Caras novas e estranhas. Professores novos e apresentações. Garotas arrogantes. Intervalo sozinha. Ligação da amiga. Mais apresentações. Garotos com nível médio de beleza. Repreensão por usar o celular na aula. Percebo a infantilidade dos garotos. Me sinto perdida no meio daquelas trinta pessoas. Quero voltar para casa. Não. Quero voltar para São Paulo.
  E aqui estou eu, sentada numa carteira bem no meio da sala. As meninas continuavam me olhando estranho; acredito que seja pelas minhas calças jeans surradas e meu all-star branco velho, as meninas daqui parecem ter saido de um desfile de moda; talvez também porque o meu jeito de falar, que não é igual ao dos gaúchos.
  Para falar a verdade, eu nem queria estar aqui. Não que eu não tenha gostado de Porto Alegre, nada disso, mas sinto falta de alguma coisa, alguém. Ah, como eu sinto falta dela. Cadê ela aqui para alegrar minhas manhãs e me dar um abraço quando preciso? Ah, sim, ela esta há mais de 300 kms daqui.
  Meu pai foi transferido para uma unidade daqui, minha mãe que já tinha parentes aqui perto, apoiou a idéia de virmos para cá. E como sempre, eu não opino nunca nessa familia.
  "Mas mããe, é meu último ano de colegial, porque eu tenho que ir?" Ela disse que tínhamos que apoiar meu pai. "Paaai, deixar eu ficar com a vó, não faça isso comigo.." Meu pai nem respondeu, já tinha começado a arrumar as coisas. No fim, resultou que eu iria de qualquer jeito, e desde então mal falo com meus pais.
  - Sr. Galvez, isso são horas de chegar? Estais atrasado sete minutos. Entre, mas que isso não se repita - será que era aluno novo? Se era, nem queria saber, todos daqui são tão.. chatos. Nem tirei os olhos do caderno para ver como era. 
  O único lugar que não estava ocupado era a carteira da minha frente, e ele se sentou nela. A professora continuou sua aula, e eu como ótima aluna em matemática, não precisei olha-la para saber que ela estava explicando funções circulares para a classe. Em determinado momento, percebi que ele se virou para traz e perguntou se eu tinha um lápis ou uma caneta para emprestar. Quanta irresponsabilidade, mas disse para mim mesma para ser gentil, ele não tinha nada a ver com os meus problemas.
  - Lápis eu não tenho, serve essa.. - Ele me olhava com curiosidade, como se eu fosse de outro planeta, acorda garoto sou só de SP. Mas, nem liguei para esse fato. Seus olhos me prenderam, seu cabelo ondulado até o ombro era um charme, e seus traços aparentavam ser um pouco mais velho que eu - ..caneta ?
  - Muito obrigado, esqueci meu estojo em casa - disse pegando a caneta. - A proposito, sou Felipe - estendeu-me a mão. - E tu es..
  - Er, Ana, Ana Paula - segurei sua mão. Ela era bem maior que a minha, e mais calorosa.
  - Nossa, que mão gelada, estais com frio? - Tirei minha mão pálida da sua, que tinha um tom acobreado. Devia ir a praia constantemente.
  - Ã? Ah, não, estou bem - forcei um sorriso e ele retribuiu.
 - Será que terei que chamar sua atenção de novo, Sr. Galvez? - Ele se virou imediatamente e começou a falar com a professora.
   É, e essa foi a primeira vez que eu não pensava em outra coisa a não ser em São Paulo.
  No fim, passei o resto do dia com ele. Falando e falando e rindo. Descobri que era repetente, por isso tinha traços de cara mais velho e porque a professora o conhecia e pegava tanto no seu pé. É, acho que me apaixonei pelo Felipe.. Amor a primeira vista? Não acredito nisso.. Só sei que algo aconteceu entre nós.
  Estávamos saindo, quando uma garota linda, loira de olhos azuis, mas com um aspecto um tanto arrogante e nojentinha, vinha em nossa direção. Não a reconheci, mas era o tipo de garota que seria minha "inimiga mortal".
  - Então Ana, essa é a minha namorada, Jéssica - NAMORADA? como assim, namorada? Aquela ali? - Jéssica, essa é uma amiga da minha sala.. - Ah tá agora eu era só a amiga. Sei, e o que foi ele chegando tão perto de mim? Porque senti sua mão na minha? Porque sinto o cheiro dele em mim? Será que foi tudo ilusão? Ou a minha imaginação ?
  Sorri forçadamente, disse mais algumas palavras e depois falei que tinha que ir, alguém estava me esperando. Mentira, é claro. Quem me esperava nessa fuck de cidade?
  E assim, voltei sozinha para casa, pelo caminho que ainda não me acostumara. Voltei para casa com a sensação de derrota. Sim, o segundo dia de aula foi pior do que o primeiro.

3 comentários:

--- disse...

Boa postagem! gostei... Será que essas coisas sempre acontecem? Tipo, conhecer alguém e achar que é AQUELA pessoa, e só depois descobrir que é só uma amizade... Chegar em um lugar novo e por mais que queira não chamar atenção, acaba sendo o centro das atenções... Por que as coisas tem que ser desse jeito...

déh. disse...

voce pensou em porto alegre pq gosta daqui, ou pq tem alguem em seu ouvido falando isso constantemente? fiquei curiosa ;;

Teller disse...

USHUAHSUHUAS algumas coisas me lembaram o ano passado o.o, TRAUMA DE POA!